Luiz Moraes
Qual a quantidade ideal de clubes para o Catarinense?
Edição de 2025 será a quinta seguida com 12 participantes

A quinta edição consecutiva com 12 clubes disputando o Campeonato Catarinense bate à porta, e já temos um período razoável para analisar se a mudança, com acréscimo de dois participantes em 2021, está valendo a pena. Busquei alguns dados para juntar com as sensações que já possuía em busca de uma conclusão para essa questão.
Os grandes clubes, em tese os menos interessados em ter mais gente para dividir a “fatia do bolo”, de fato viram o aumento dificultar a caminhada para o título estadual e as vagas nacionais (Copa do Brasil e Série D, no caso do Joinville). No entanto, o próprio JEC ficou em 9º duas vezes no campeonato, o que significaria rebaixamento nas edições com 10 clubes. Em 2024, a Chapecoense viveu a mesma situação. Avaí e Figueirense passaram sustos, e o Criciúma foi o único a de fato cair, logo na primeira edição pós-mudança.
Enquanto isso, os clubes médios e pequenos aproveitam a mudança para emendar sequências na primeira divisão e na Série D, algo que antes não conseguiam. No entanto, ainda enfrentam problemas relacionados aos locais onde podem jogar, e não conseguiram nenhum acesso na quarta divisão desde então. Barra (então estreante), e Concórdia, Hercílio Luz e Marcílio Dias, acostumados a rebaixamentos, “usaram” o aumento de clubes para montar projetos de longo prazo, que culminaram em campanhas melhores e até títulos da Copa Santa Catarina.
Média de público e gols
Houve um incremento de torcida nas últimas duas edições, com o retorno do Criciúma e o fim de qualquer restrição pela Covid. Foram cerca de 3,3 mil torcedores por jogo em 2023, e 3,9 mil no ano passado. Os campeonatos de 2017, 18 e 19 ficaram entre 2,7 e 2,9 mil de média. Destoa a edição de 2022, a primeira com público e 12 clubes, que teve média de 1,7 mil torcedores, muito devido aos problemas sanitários ainda presentes. Ou seja, ter mais clubes disputando não prejudica o apelo das partidas, muito pelo contrário.
Contando apenas a fase regular, quando todos os clubes se enfrentam, a média, seja com 10 ou 12 clubes, fica próxima de 2,2 gols por jogo na maioria dos anos. Houve uma queda em 2023, com 1,9 de média, mas uma boa recuperação na última temporada, que chegou a 2,5. 2024 também foi a edição com maior média de gols no mata-mata (2,7) e menor número de 0x0 (apenas 6) dos últimos anos. Esperamos que essa melhora não seja pontual.
Conclusões
Quando eram 10 clubes, lembro-me de ser a favor do aumento, alegando justamente a proporção de grandes clubes no campeonato e a competitividade razoável dos menores. A Federação Catarinense de Futebol (FCF) ia na mesma linha, alegando que os estaduais de Paraná e Rio Grande do Sul já possuíam 12 participantes, e que isso fortaleceria a todos os clubes.
O excesso de problemas com estádios e gramados, além do regulamento que classifica 75% do campeonato estremeceram essa sensação de força que tínhamos com o nosso estadual. No entanto, vejo que não há base para achar que uma diminuição solucionaria os problemas sozinha. Aliás, a tendência seria um risco ainda maior de queda dos grandes, e consequente perda de apelo do torneio.
Não vivemos um grande momento, e nosso público está, em geral, afastado. Mas ainda podemos dizer tranquilamente que temos um futebol linear no estado, com comunidades mobilizadas mesmo em cidades menores e clubes sem tanto alcance midiático. Haja vista o quão ingrata é a Série B do Catarinense, certamente seria prejudicial aumentar o número de clubes “presos” nela, ou na Série C.
Não há movimento real para uma diminuição, mas resolvi escrever essa coluna para combater alguns mitos e dialogar com vocês abertamente, como sempre busco fazer. Sei que parte do público associa a queda do nosso futebol a esse aumento, e eu mesmo fui um crítico em partes, mas hoje não vejo assim.
O Catarinense vem aí!
Joinville e Figueirense abrem o estadual no próximo sábado (11), às 16h30, na Arena Joinville. O restante da rodada inaugural está marcado para o meio da semana seguinte. Confira a tabela completa.
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