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Florianópolis,12/03/2025

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Paulo Corrêa de Luca

Trump na posse, buracos nas ruas: Por que ignoramos os problemas que realmente Importam?


Trump na posse, buracos nas ruas: Por que ignoramos os problemas que realmente Importam?

Ah, como somos fascinados por aquilo que acontece a milhares de quilômetros de distância. Um pelotão do presidente Trump – sim, do Trump! – é motivo de debates acalorados, postagens indignadas nas redes sociais e até desavenças entre familiares no almoço de domingo. Acreditem, até mesmo sobre quem esteve ou não no evento (este foi o assunto mais comentado na internet). Enquanto isso, as questões que realmente definem a qualidade do nosso dia a dia são relegadas ao rodapé do nosso interesse coletivo. Afinal, quem quer falar sobre saneamento básico enquanto há memes fresquinhos para compartilhar sobre a última gafe presidencial? Essa mudança de prioridades, além da econômica, é trágica. E não, não estou falando sobre questões globais ou nacionais que não são importantes. Mas será que discutir se Trump tinha mais ou menos gente na posse dele é mais relevante do que cobrar soluções para problemas locais como saúde, mobilidade urbana, transporte público ou violência?

Esses são os desafios que realmente interferem na nossa rotina. Mas aí entra a cereja do bolo: o caos da política local (vamos tratar dela). Na constante dança das cadeiras, sempre surge um novo secretário ou diretor "inovador", com "ideias revolucionárias". Só que, antes mesmo de aprenderem onde fica o banheiro do gabinete, são substituídos por outro indicado político. E assim como as políticas públicas patinam. Lembra daquele plano de ... Algum plano, prometido nas últimas eleições? Esqueça. Foi enterrado junto com aquele secretário que um dia quis inventar a roda (nem todos são assim, mas a continuidade das políticas em sua maioria, não acontecem). E a saúde, então? Postos lotados, médicos sobrecarregados e nenhuma continuidade nas estratégias de atendimento. Quem precisa de um planejamento de longo prazo quando podemos simplesmente mudar de secretário, não é mesmo? Saneamento básico?

Ainda estamos comemorando as promessas das últimas campanhas, enquanto convivemos com esgoto a céu aberto, praias sem balneabilidade, surtos de virose, aumento de casos de dengue, e quando chove... Sobre isso já tratamos aqui. Oremos para que o sol esteja sempre conosco. Mas quem tem tempo para se preocupar com isso? É muito mais divertido envolver-se em uma discussão sobre os trajes das mulheres na posse de Trump do que perguntar sobre políticas públicas relacionadas ao frear o aumento de moradores de rua, enquanto a segurança pública é tratada como uma loteria administrativa para um futuro presente. Visite a avenida Paulo Fontes e imediações, na cidade inteligente, em Florianópolis. E para piorar, há sempre o argumento de que esses problemas “não são do presidente”, ou “são do presidente”.

Os problemas são nossos. Mas quem é o responsável? O prefeito? O governador? Alguém sabe? O fato é que essas questões, que interferem diretamente em nossa vida, só serão resolvidas se a sociedade pressionar as lideranças locais e estaduais. Porém, enquanto estivermos mais específicos em debates sobre quem deveria ou não ter ocupado um lugar na posse de um presidente estrangeiro, ficaremos presos no mesmo ciclo de ineficiência e abandono. A solução para nossos problemas não vai cair do céu nem vir de Washington. É hora de olharmos para os buracos nas ruas da nossa cidade, para o transporte público sucateado e para os postos de saúde lotados com a mesma intensidade que olhamos para os trending topics do Twitter. Afinal, Trump não sabe nem onde fica a nossa cidade no mapa – e isso, ironicamente, é o menor dos nossos problemas.



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