Paulo Corrêa de Luca

Florianópolis, 352 anos: Uma homenagem histórica

Para contar a história da capital de Santa Catarina e ainda homenageá-la, eu precisaria de um livro, tal qual fez o ex-presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina e da Academia Catarinense de Letras, Dr. Carlos Humberto Pederneiras, em sua obra História de Florianópolis. Mas tentarei fazer um apanhado bibliográfico com base em sua obra, homenageando assim também nomes familiares que dedicaram a vida para que Florianópolis pudesse ser conhecida, reconhecida e desenvolvida economicamente, culturalmente e socialmente, meu tio, autor do livro citado acima, meu pentavô Dr. Manuel Paranhos, ouvidor de Santa Catarina em, Assembleia Legislativa Provincial de Santa Catarina, meu bisavô Dr. Carlos Corrêa e meu avô o ex-deputado estadual e ministro Dr. Ylmar de Almeida Corrêa.
A cidade de Florianópolis passou por diversas denominações ao longo de sua história. Inicialmente, era uma pequena póvoa na Ilha de Santa Catarina. Em seguida, tornou-se a Vila de Nossa Senhora do Desterro da Ilha de Santa Catarina, evoluindo para a cidade de Desterro. No início do século XIX, a cidade já atraía viajantes estrangeiros que deixaram relatos importantes sobre a região, como Adam Johann Von Krusenstern, Urey Lisiansky, Georg Heinrich von Langsdorff, David Porter e Vasili Golovnin.
A região também foi visitada pelo botânico Auguste de Saint-Hilaire, que deixou registros valiosos sobre o local e sua gente. Em 1816, um concurso literário foi realizado na cidade, mostrando o florescimento da cultura local.
Com a Independência do Brasil, Desterro formou uma Junta Governativa Provisória, que organizou os primeiros atos da cidade independente. Em sua passagem pela cidade, D. Pedro I causou surpresa entre os moradores. O francês Barral e o alemão Carl Friedrich Gustav Seidler também registraram suas impressões sobre a cidade e sua administração. Na manhã de 21 de outubro de 1845, uma multidão se congregou na beira do mar da atual Santo Antônio de Lisboa para receber o imperador Dom Pedro II, a imperatriz Teresa Cristina e toda a comitiva, lá esta a primeira rua calçada de Florianópolis.
Durante a Revolução Federalista, Desterro foi palco de importantes acontecimentos políticos. A cidade chegou a ser invadida por tropas e viveu um período de intensas disputas pelo poder. A queda do governo revolucionário levou ao fuzilamento de opositores e à imposição do nome Florianópolis, em homenagem ao então presidente Floriano Peixoto, que teve papel fundamental na repressão aos federalistas.
Mas foi o século XX que trouxe avanços significativos para Florianópolis. A administração de Gustavo Richard e Vidal Ramos promoveu importantes transformações na cidade, culminando nas grandes obras de Hercílio Luz, que impulsionaram o desenvolvimento local. A construção da Ponte Hercílio Luz consolidou a capital catarinense como um polo em crescimento. O movimento cultural também ganhou força com a criação do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina e diversas revistas culturais.
Mas como nem tudo são flores, a Revolução de 1930 trouxe instabilidade política, culminando em tentativas de invasão e no bombardeamento da cidade. Durante as décadas seguintes, Florianópolis cresceu, anexando territórios como o Estreito, fortalecendo sua infraestrutura e consolidando sua posição como capital. O avanço da educação superior, com a criação da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e da Universidade para o Desenvolvimento do Estado de Santa Catarina (UDESC), foi essencial para a formação de profissionais e para o crescimento da cidade.
O surgimento da moderna arquitetura, a construção das pontes Colombo Salles e Pedro Ivo e o crescimento da indústria do turismo impulsionaram Florianópolis. No entanto, o aumento populacional trouxe desafios, como a mobilidade urbana e o saneamento básico. Uma cidade que se pretende inteligente deve garantir um desenvolvimento sustentável, sem perder sua essência.
Hoje, Florianópolis celebra 352 anos com um olhar para o futuro, prometido há décadas por todos que passam pelo poder político local. A cidade, ainda chamada de "Ilha da Magia", não precisa de mágicas para manter sua identidade e ter um verdadeiro desenvolvimento sustentável, mas sim de vontade política e da cobrança de seus cidadãos.
Os "manezinhos" e aqueles que escolhem Florianópolis para morar têm a responsabilidade de preservar e desenvolver essa terra, que, como disse Francisco Dias Velho em 20 de abril de 1680: "A terra é mais que boa, quem disser o contrário mente".
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