Arthur Cysne
A superficialidade na comunicação política online

As redes sociais não são mais apenas vitrines de opiniões ou espaços para memes: elas se consolidaram como ferramentas indispensáveis na comunicação contemporânea. Para políticos, especialmente, representam uma oportunidade ímpar de construir narrativas, dialogar com o público e humanizar mandatos. No entanto, o que se percebe frequentemente é uma abordagem superficial, que reduz as redes a palanques virtuais, esquecendo o verdadeiro potencial de conexão que elas oferecem.
Em tempos em que o público busca transparência e autenticidade, a comunicação política online ainda parece presa a padrões antigos. Muitos políticos enxergam as redes apenas como canais para divulgar agendas ou repetir slogans de campanha. Essa visão limitada resulta em perfis pouco engajados, mensagens genéricas e um afastamento do público, que percebe a falta de autenticidade.
Um contraponto a essa prática é o caso de Eduardo Paes, prefeito do Rio de Janeiro, que tem se destacado nas redes sociais por sua autenticidade e proximidade com o público. Seus conteúdos frequentemente combinam humor, empatia e, principalmente, uma valorização explícita do cidadão e da cidade.
Por exemplo, em publicações recentes, Paes não apenas compartilha obras e projetos de sua gestão, mas também interage diretamente com moradores, responde críticas de forma descontraída e, em alguns casos, até utiliza memes e referências culturais para se aproximar de diferentes públicos. Essa estratégia tem gerado engajamento real e uma percepção mais humanizada de sua gestão.
Mas o sucesso de Paes não está apenas no humor, está em compreender que as redes são uma via de mão dupla. Ele usa esses espaços para ouvir demandas, reforçar compromissos e mostrar resultados concretos, algo que ainda falta em muitos outros exemplos de gestão pública.
A diferença entre usar as redes sociais de forma superficial ou estratégica pode ser determinante na construção da imagem de um político. Enquanto alguns veem as redes apenas como vitrines para exibição de poder ou ferramentas para autopromoção, outros, como Paes, têm demonstrado que o uso inteligente pode transformar a comunicação com a população.
No entanto, não basta adotar um tom casual ou interativo: é preciso consistência. As redes sociais são arenas onde a coerência é testada diariamente. Um político que usa esses canais para prometer e não entrega ou que reage de maneira agressiva às críticas pode perder rapidamente a confiança do público.
A comunicação política online precisa evoluir para refletir os valores que a sociedade atual espera: transparência, diálogo e resultados. Isso significa ir além das postagens de autopromoção e investir em uma comunicação que construa pontes, valorize a inteligência do público e reconheça as redes como um espaço legítimo para demandas reais.
Eduardo Paes é um exemplo positivo, mas não pode ser exceção. Outros líderes precisam aprender com esse tipo de abordagem e adaptá-la às suas realidades. Se as redes sociais são hoje o termômetro da opinião pública, não usá-las corretamente é uma oportunidade desperdiçada — e, talvez, o primeiro passo para o isolamento político.
Antes de finalizar, é importante refletir sobre o potencial ainda não explorado das redes sociais. Se usadas com inteligência, elas podem ser mais do que ferramentas de marketing eleitoral, podem se tornar espaços para a construção de pontes entre políticos e cidadãos, para a escuta ativa das demandas sociais e para o fortalecimento da confiança no mandato público. No entanto, isso exige um compromisso real com a transparência, com o diálogo e, acima de tudo, com a valorização das pessoas que compõem o tecido social.
Como você, político ou cidadão, gostaria de ver as redes sociais sendo usadas no futuro?
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