EUA devem assinar primeiro acordo comercial sobre tarifas até a próxima semana

Secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, afirmou que entre 15 a 18 países estão em negociação com os EUA sobre o tarifaço de Trump. Índia deve ser um dos primeiros acordos a serem firmados. Trump faz comentários sobre tarifas na Casa Branca
Carlos Barria/Reuters
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Os Estados Unidos devem assinar o primeiro acordo comercial sobre as tarifas impostas pelo presidente norte-americano, Donald Trump, entre essa e a próxima semana, disse o secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, nesta segunda-feira (28).
Bessent afirmou que entre 15 e 18 países já estão em negociações com os EUA, reiterando que muitas dos principais parceiros comerciais norte-americanos fizeram propostas "muito boas" para evitarem as tarifas.
"Eu diria que a Índia será um dos primeiros acordos comerciais que assinaremos", disse Bessent à CNBC.
O secretário do Tesouro norte-americano ainda reiterou que as tratativas com os parceiros comerciais asiáticos estão indo "muito bem", destacando que os EUA tiveram "negociações substanciais" com aliados japoneses.
As falas de Bessent, no entanto, vão na direção contrária a posicionamentos recentes dados por líderes asiáticos. Mais cedo nesta segunda-feira (28), por exemplo, o principal negociador comercial do Japão, Ryosei Akazawa, afirmou que o país continuará a exigir a remoção total das tarifas dos Estados Unidos em uma segunda rodada de negociações programada para esta semana.
"Não há mudança em [nossa] posição", disse Akazawa a repórteres, acrescentando que o Japão não sacrificará seus produtos agrícolas em troca de automóveis nas negociações tarifárias com os Estados Unidos.
Resposta da China a tarifaço de Trump impulsiona nacionalismo chinês
Já um alto funcionário do governo sul-coreano descartou que Seul concordaria com um pacote comercial com Washington pelo menos até 3 de junho, quando o país realizará uma eleição presidencial antecipada.
Na semana passada, os países concordaram em elaborar um pacote comercial com o objetivo de remover novas tarifas dos EUA antes que uma pausa nas tarifas recíprocas seja suspensa em 8 de julho, disse a delegação de Seul em Washington após suas primeiras negociações formais sobre tarifas na última quinta-feira.
Analistas políticos observaram, no entanto, que pode ser difícil para a Coreia do Sul assumir qualquer compromisso firme em grandes projetos de energia e custos de defesa.
É "teoricamente impossível" que os dois países decidam sobre um pacote comercial abrangente até o final de maio ou início de junho, disse Park Sung-taek, vice-ministro do Comércio, Indústria e Energia, aos repórteres.
"Explicamos detalhadamente nossa situação política aos EUA durante nossas últimas conversas. Os EUA também entendem que a situação política especial da Coreia pode ser um fator limitante nas negociações."
Já sobre a situação com a China, Bessent afirmou que há uma "relação complicada" entre as duas potências mundiais, reiterando que o governo norte-americano está em contato com o país asiático e que cabe a ele reduzir as tarifas.
Nas últimas semanas, declarações conflitantes de líderes dos dois países aumentaram a confusão no comércio global sobre um possível acordo para cessar a guerra comercial.
Na sexta-feira, por exemplo, em entrevista à Time Magazine, Trump afirmou que recebeu uma ligação do presidente da China, Xi Jinping, para falar sobre a guerra tarifária entre os países.
A China, porém, negou que esteja conversando com o republicano e afirmou que os EUA deveriam "parar de criar confusão". O posicionamento do gigante asiático foi reforçado nesta segunda-feira (28), após o ministério das relações exteriores da China ter reafirmado que o presidente chinês não falou recentemente com Trump e reiterado que seus respectivos governos não estão tentando fechar um acordo tarifário.
"Gostaria de reiterar que a China e os EUA não realizaram consultas ou negociações sobre a questão das tarifas", disse Guo Jiakun, porta-voz do ministério. "Se os EUA realmente quiserem resolver o problema por meio de diálogo e negociação, devem parar de ameaçar e chantagear [a China]", completou.
Bessent, por sua vez, afirmou nesta segunda-feira que as recentes medidas da China de isentar certos produtos norte-americanos de suas tarifas retaliatórias mostraram que ela quer diminuir as tensões comerciais com os Estados Unidos, e disse que os EUA evitaram o aumento da tensão embargando esses produtos.
Relação com o Brasil
Apesar de, na semana passada, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter citado o Brasil como um dos que "sobrevivem" e que "ficaram ricos" impondo tarifas sobre as importações norte-americanas, ainda não há sinalização de um acordo entre os dois países.
Nesta segunda-feira (28), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que apesar de já existirem conversas dentro do governo para tratar sobre o tarifaço de Trump, o país precisa continuar com sua política de "manter seus canais de comércio abertos".
"O Brasil mantém seus canais de comunicação para acordos com a China, com a União Europeia e com os Estados Unidos. E não é de agora", afirmou o ministro, em evento promovido pelo Banco Safra.
*Com informações da agência de notícias Reuters.
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